sábado, 28 de novembro de 2009

Turismo vs revitalização dos espaços rurais

A revalorização actual dos espaços rurais, nas perspectivas ambiental e cultural, insere-se numa nova concepção daqueles espaços enquanto patrimónios multifuncionais e intergeracionais, que articulam as funções produtivas com funções culturais, ambientais, recreativas, pedagógicas e simbólicas. Este processo de patrimonialização do mundo rural relaciona-se não só com a relevância das temáticas da protecção da natureza e da paisagem, mas também com as actuais dinâmicas de valorização dos patrimónios históricos e culturais, enquanto eixos privilegiados para a valorização das memórias e identidades locais. Por conseguinte, é no interior deste quadro conceptual que se poderá compreender a patrimonialização do saber-fazer e das identidades locais e a sua introdução nas estratégias de desenvolvimento local e regional. A própria noção de património rural inclui uma nova valorização das suas componentes sociais e culturais, onde se articulam cultura e preservação do ambiente e da paisagem com pedagogia e formação das gerações mais jovens. Uma estratégia que em termos estratégicos, e de acordo com uma perspectiva de desenvolvimento integrado, estas novas dinâmicas de territorialização do lazer podem desencadear processos sustentáveis de revitalização local. Sem esquecer que esta visão articulada deverá cruzar e integrar, nas estratégias de desenvolvimento, as necessidades e expectativas das populações locais, além de contribuir para a atracção de visitantes, mas também por consequente melhoria do rendimento das populações e para a sua fixação no local, nomeadamente as camadas jovens.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Gestão regional.....!

Na perspectiva de quem vive no interior, cá faz a sua vida e contacta diariamente com a realidade política, económica, social e cultural desta região consegue com facilidade delinear os labirintos existentes. Parece-me que a melhor via para questionar o desenvolvimento do país, nomeadamente na sua face regional, consiste em utilizar a óptica da gestão. O tipo de gestão que se tem praticado no país, surge de um quadro de objectivos globais e de um conjunto de instrumentos políticos e económicos que têm sido (ou não) clarificados e utilizados!! Tem sido, sobretudo a ausência de um modelo e consequentes vectores de planeamento e de coerência política, económica e financeira que tem perturbado e ampliado as já por si deficientes qualidades de gestão da classe dirigente do país.
Acontece que estamos em região carenciada sob aspectos económicos, sociais e culturais, atravessando-se um período em que as suas actividades económicas tradicionais carecem de ser repensadas, não só porque têm atravessado crises agudíssimas, mas também porque há pouca diversificação económica com desaproveitamento de potencialidades. Há desemprego, vocações económicas por desenvolver - agricultura, pecuária, turismo...etc!!
Pode afirmar-se, que na região da Beira Interior se vivem agudamente situações que exigem a intervenção do poder central e europeu. Ou vamos esperar que os números da desertificação continuem aumentar e apanhem o TGV em Lisboa ou no Porto?!!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Que desenvolvimento regional?

A atenuação dos desiquilibrios regionais entre o litoral e o interior exige a definição de uma política de desenvolvimento regional coerente, que permita um desenvolvimento harmonioso do interior no contexto global do País.
Quem conhece o país, apercebe-se do nítido contraste entre o desenvolvimento das suas regiões: umas bastante despovoadas, estagnadas e adormecidas - as do interior - outras mais povoadas, por vezes saturadas de actividades, que se foram aglomerando e concentrando à volta de uns poucos centros urbanos. De região para região, do interior para o litoral se deslocam recursos humanos e materiais - umas regiões de desenvolvem à custa da depauperação de outras. Assim algumas regiões empobrecidas já começam a chegar a uma situação de não retorno, isto é, a um ponto tal, que por não terem uma proporção suficiente de habitantes jovens, por não terem centros industriais ou de reconversão das técnicas agrícolas tradicionais e por não se alterar a estrutura da propriedade - essas regiões acabarão progressivamente incultas, despovoadas e abandonadas uma vez que a taxa de repulsão é muito superior ao saldo de natalidade e taxa de mortalidade.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Turismo e Desenvolvimento Local

(...) não é o turismo que permite o desenvolvimento, mas o desenvolvimento (....) que torna o turismo rentável".

Foi assim que Ascher (1984) traçou a relação entre turismo e desenvolvimento local. Sendo que para compreender o turismo no contexto da sociedade global, é preciso examiná-lo não apenas como fenómeno social mas, sobretudo, como um "produto".
Contudo, o fenómeno turístico, aliás como em todos os aspectos da sociedade do século XXI, está em profunda mudança. E as grandes mudanças do turismo de hoje, implicam, reforçam, pelo lado da oferta, o aparecimento de novos modelo(s) turístico(s) alternativo(s), culminando naquilo que autores (Trzyrna, 1995) classificam de lógica da sustentabilidade.
Definido como processo de mudança social e de elevação das oportunidades presentes da sociedade, sem comprometer a capacidade das gerações futuras verem atendidas as suas próprias necessidades, o desenvolvimento sustentável requer a compatibilização , no tempo e no espaço, entre crescimento, eficiência económica, conservação ambiental, qualidade de vida e equidade social.
Um desafio que as populações locais enfrentam, dispondo actualmente de um conjunto de instrumentos onde a tradição materializada pelas especificidades locais e a inovação, produto do partenariado local com os poderes públicos e a comunidade científica, se torna hoje possível, pela profunda alteração do perfil dos visitantes em curso.

sábado, 17 de outubro de 2009

A Região Centro como destino turístico

A Região Centro de Portugal tem grande potencial para ser transformada num destino turístico relevante ao nível nacional. Factores como a diversidade e a riqueza das atracções turísticas, a localização geográfica, as boas acessibilidades, a hospitalidade dos residentes, os preços competitivos e a segurança, são apenas alguns dos vectores que devem ser destacados para destacar e justificar o seu forte potencial turístico.
No que se refere a atracções turísticas, existem na região recursos naturais e culturais com forte atractividade, desde o litoral ao interior do país com as suas praias, rios, áreas protegidas, termas aldeias históricas, museus, castelos, igrejas, solares, artesanato e gastronomia e vinhos regionais que assumem um lugar de destaque.
A diversidade de recursos da região torna bem patente a forte capacidade para o desenvolvimento de produtos turísticos, destacando-se o turismo cultural, o turismo de natureza, o turismo de saúde, o turismo em espaço rural e o turismo desportivo. Sem esquecer de incluir nestes produtos as diversas atracções que foram sendo construídas nos últimos anos, enriquecendo e dinamizado qualquer produto turístico.
Este passo exige o desenho de estratégias e planos de captação dos segmentos de maior interesse para a região.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A tradição do vinho vem de tempos antigos....


Antes de existirem adegas cooperativas, os agricultores faziam o vinho nos seus lagares e cada um o guardava na sua adega. As uvas eram transportadas em pipas e carros de bois até aos lagares. Aí as mulheres enchiam gamelas (vasilhas de madeira) e despejavam as uvas no lagar, onde eram pisadas pelo pé ou braço dos homens e espremidas pela prensa. Deixava-se ferver o mosto ainda dentro do lagar. Três ou quatro dias depois saía o vinho para as pipas já untadas com sebo. A adega só recebia luz da porta para que estivesse sempre fresca e o vinho se conservasse com todas as suas qualidades. Depois de cheias as pipas e lavado o lagar guardava-se o bagaço nas tulhas, bagaço que mais tarde era transformado em aguardente. Durante alguns dias o responsável pela adega inspeccionava as pipas para se certificar de que não deixavam sair líquido. O bagaço era levado para as alquitarras (utensílios de produção de aguardente) que tinham um pote onde se colocava o bagaço e uma cabeça que levava a água fria de modo a permitir a condensação do vapor produzido pelo aquecimento do bagaço. A aguardente escorria pelo cano para um recipiente.
A altura em que se faz aguardente é Outubro e Novembro. Depois de extraída a aguardente, o bagaço serve para adubar as terras e alimentar os animais. ´
É assim a tradição por Terras da Beira que as gentes locais continuam a dar continuidade a esta actividade, com a introdução de alguma tecnologia nalgumas famílias!
A Associação de Desenvolvimento Local Terras da Beira pretende dar continuidade a esta arte do saber-fazer com o desenvolvimento de um tour turístico que incide sobre esta temática: as Vindimas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Arquitectura beirã

O clima figura entre os factores condicionantes da arquitectura beirã. Um certo rigor de análise permite filiar grande número de particularidades das edificações no propósito de defender as pessoas, os animais domésticos, os géneros, as alfaias e até os próprios edifícios, contra as inclemências e os estragos do tempo.

O condicionamento dos factores climatéricos revela-se por toda a Beira, como se disse, em diversas particularidades das edificações típicas.
Em revestimentos de paredes é frequente - e evidente - a preocupação de as proteger, bem como aos interiores que delimitam, contra os agentes climáticos de incomodidade e destruição.

Os parâmetros de telha de canudo, pregada ao alto sobre uma armação de madeira, são correntes e de elevada eficiência.

Nos telhados de telha vã, evita-se que o vento as desloque ou arranque, dispondo pedras sobre elas; e, nos de colmo, são diversos os pormenores reveladores de condicionamentos climáticos.
Certos elementos das construções fazem-se assim...porque o dinheiro não dá para mais, ou porque tem de se poupar para ocorrer a despesas essenciais. É o caso dos telhados de telha vã, sem qualquer protecção interior contra a entrada do vento e do frio pelas juntas das telhas e contra as perdas do calor das fogueiras em que se preparam as refeições. Atenuam-se, apenas, com práticas de acentuado primitivismo, justificadas, contudo, por esse baixo nível económico e pelo hábito tradicional do desconforto. Uma delas é não fazer chaminés para que o calor ( e o fumo também, infelizmente) se conserve mais tempo nas habitações; outra é reduzir ao mínimo a superfície das alcovas e não lhes abrir janelas para o exterior.

O granito é de todos esses materiais aquele em que a Natureza foi mais pródiga e generosa para os construtores da região. Pródiga pela abundância com que o fez aflorar em terras da Beira e generosa pelas qualidades excepcionais com que o dotou.
Fica o exemplo de uma casa tradicional de pequenos agricultores por terras da beira, que urge preservar estes testemunhos, até para comparar a evolução positiva.

domingo, 6 de setembro de 2009

Turismo e desenvolvimento regional


Hoje em dia, entende-se o turismo como uma actividade sociocultural, ambiental, política e económica, que garante o desenvolvimento e a sustentabilidade das populações, com impactos quer positivos quer negativos nas mesmas. Mas, a relação entre "turismo e desenvolvimento" é bastante conturbada se reflectirmos, principalmente, no conceito de sustentabilidade.
A actividade turística, no meio rural, tem sido apontada como "tábua de salvação" económica e mesmo social deste território. O turismo é visto como uma actividade prioritária para salvar o mundo rural e o mesmo acontece com a animação turística.

Mas, o território rural está deserto, sem gente, com campos agrícolas abandonados, parece-me, por isso, necessária uma maior reflexão sobre o papel do turismo no desenvolvimento rural. Adoptar uma visão integrada e multidireccional e sobretudo é necessário que se faça planificação e que ela seja participativa.

Para alcançar o desenvolvimento sustentável das populações rurais, é necessário compreender o turismo rural. Ora, a adequada compreensão do turismo rural em toda a sua extensão, obriga analisar previamente as características dos espaços que acolhem esta actividade pois, da especificidade de cada espaço rural, é que surgirão as potencialidades e atributos do desenvolvimento turístico assim como , os factores críticos e impactos positivos e negativos desse desenvolvimento.

Apesar da multiplicidade dos territórios rurais, cada território rural é único, cada qual tem a sua estrutura nos núcleos de povoamento, formas de cultivo das terras, recursos naturais e culturais próprios. Na verdade, as condicionantes geográficas, económicas e sociais que ocorreram ao longo dos tempos, originaram sociedades rurais com identidade própria, depositárias de valores e manifestações tradicionais e culturais singulares que é necessário respeitar para lhe garantir sustentabilidade.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Que o impossível se torne provável!


É assim que muitos dos estudiosos encaram a animação turística como animaçao sociocultural. A relação entre turismo e animação turística tem um cunho marcadamente mercantilista, como seja, a necessidade do mercado turístico em ocupar o tempo de estadia do turista, distender a duração da estadia e fidelizar o turista.

Além disso a animação turística, seja, ao nível dos hotéis, casas de TER, por empresas específicas ou pelas comunidades receptoras de turistas, tem outra dimensão que é a possibilidade de criar um espaço de enriquecimento intercultural, entre locais e visitantes.

Isto implica que os principais agentes encarem a animação não só como um simples negócio turístico, mas também como uma oportunidade de intercâmbio que contribui para o entendimento mútuo entre pessoas vindas de diferentes universos sociais e culturais.

Perante ao exposto, entendemos que a animação turística deve ser entendida como um dos âmbitos de animação sociocultural, tendo como filosofia, fundamento da acção, a comunidade residente receptora que,no acto da relação e da partilha, se apresenta em toda a plenitude do seu ser, evidenciando e partilhando com o outro o seu saber e saber fazer, sabendo estar, aprendendo juntos.

domingo, 23 de agosto de 2009

Desenvolvimento local no contexto económico....

Quais são hoje as competências que aparecem como indissociáveis da capacidade de um território gerar o bem estar da sua população local?
O ênfase é cada vez mais colocado nos recursos "construídos" (tecnologia, know-how, qualificação dos recursos humanos e métodos de gestão) e menos nos recursos naturais. Vital para esta capacidade produtiva são os processos de aprendizagem que permitem criar e transmitir o conhecimento necessário para a evolução dessa região numa economia global. Sendo que alguns estudiosos, nomeadamente economistas consideram que entramos numa nova fase do desenvolvimento económico a que denominaram a learning economy.
Neste sentido, os sistemas produtivos locais das "regiões que ganham" organizam-se em torno de dois eixos: a coesão interna que é capacidade dos vários actores do sistema conceberem uma estratégia comum de desenvolvimento; e a abertura ao exterior que passa pela capacidade de o local possui em estabelecer contactos externos e aceder às dinâmicas de desenvolvimento globais.
Temos assim a base e os eixos em que se articula o desenvolvimento (territorial) local.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Feira Medieval por terra de Pedro Álvares Cabral.....


O sol declina no horizonte e aos nossos ouvidos começa a chegar o bulício ....

A expectativa é grande....O recinto da feira vai-se vestindo de um fervilhar de gente...E ao longe começa a ouvir-se o trote dos cavalos D´El Rei. Com eles vêm as trompetes e o arauto que logo irá ler a Carta da Feira. A Feira era um momento de negócio e de festa um local de diversão.

Foi assim, no passado fim de semana em Belmonte vieram mercadores e população local com produtos de vários géneros. A Feira Medieval em Belmonte realizou pela VI nos dias 14, 15 e 16 de Agosto, acabando por explicar a integração de Belmonte nas Aldeias Históricas de Portugal.

A Associação de Desenvolvimento Local Terras da Beira não desperdiçou esta oportunidade em estar presente, não apenas, usufruindo desta viagem no tempo como participou com a mostra e venda de produtos tradicionais que se encontram bem patentes por esta região, aproveitando o evento para salvaguardar a importância que os agentes de desenvolvimento local devem ter na projecção e recuperação de produtos que constituíam o dia a dia das gentes locais.

Os representantes da ADLTerras da Beira, realçam a importância destes eventos para a promoção e valorização local de territórios do interior do país, tal como da envolvência e participação da população local ao vir para a rua mostrar o saber-fazer.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pela primeira vez....


Portugal tem um plano transversal a médio e longo prazo. Como todos sabemos, o planeamento e a estratégia são fundamentais para a concretização de objectivos. O planeamento assume-se na actualidade como um esforço de regulação a médio prazo de um sistema social e pode ser definido como uma actividade mediante a qual determinada sociedade, através de vários actores e órgãos competentes, procura controlar e modificar deliberadamente o seu futuro colectivo com o uso de determinadas técnicas de acção social.

O turismo assume um enorme peso para a dinâmica da economia portuguesa, um sector bastante competitivo. Face a este cenário de ascensão, Portugal precisava, de um plano estratégico para este sector.

O Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT) traduz essa estratégia, em que define a base nas vantagens do país e no potencial da procura internacional, um leque de 10 produtos estratégicos: sol e mar, turismo de negócios, touring cultural e paisagístico, golfe, city breaks, saúde e bem-estar, turismo náutico, gastronomia e vinhos, turismo residencial e turismo de natureza. Acima de tudo é uma aposta em vectores diferenciadores que podem traduzir a vantagem de Portugal face a outros destinos concorrentes. Uma aposta que passa pelo desenvolvimento de 6 novos pólos turísticos: Douro, Serra da Estrela, Oeste, Alqueva, Litoral Alentejano, Porto Santo e Açores (pólo-região que se encontra uma fase estratégia mais avançada). O PENT visa dar a estas novas centralidades turísticas, abrir portas ao turismo, dar relevância turística, a locais e regiões com enormes potencialidades, mas que se encontravam subaproveitadas. A visão de que a realidade turística apenas se restringe ao Algarve e Madeira é uma ideia totalmente errada, pois os novos pólos são actualmente reconhecidos interna e externamente, como destinos turísticos com uma oferta diferente, qualificada e competitiva.

terça-feira, 28 de julho de 2009

" Portugal na conquista de novos mercados turísticos...!

O ano de 2008 foi o melhor ano turístico, segundo o secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, Portugal tem vindo nos últimos anos a marcar terreno no sector turístico. O balanço é extremamente positivo, o turismo tem vindo assumir uma importância crucial na economia portuguesa, essencialmente pela terciarização da economia e serviços. De acordo com dados estatísticos hoje temos mais de 1,2 mil milhões de euros de receitas do que em 2004, mais de 380 milhões de euros de proveitos na hotelaria, mais de 1,7 milhões de turistas, mais 5 milhões de dormidas, mais de 28, 1 por cento de passageiros desembarcados em voos internacionais e nacionais nos aeroportos nacionais e mais 256 por cento de passageiros desembarcados em low cost. Nos últimos anos Portugal tem vindo a realizar um enorme esforço de posicionamento internacional, com um investimentos anual de 50 milhões de euros no período de 2005 e 2008. No entanto na conjuntura em que Portugal e os restantes países se encontram o desafio é muito maior, tendo vindo a desenvolver-se um forte trabalho de promoção turística em dez mercados (Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, França, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Rússia e Polónia). A estratégia de promoção do destino Portugal passa por uma aposta nos tradicionais mercados, quer pelo investimento em novos mercados emergentes, com a promoção de novas rotas aéreas, sendo disso exemplo as novas ligações para Moscovo, Varsóvia e Helsínquia e a China, um forte mercado com enorme potencial de crescimento assumindo-se como uma forte aposta para Portugal, pois em 2008 foram cerca de 50 mil os turistas chineses que visitaram o nosso país, tendo permanecido em média quatro a cinco dias em Portugal, números que se visa duplicar nos próximos anos....!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

As aldeias raianas.....

O desenvolvimento local assume-se como uma peça crucial para as regiões do interior do nosso país, como é o caso da Região Centro, tal como outras regiões, continua a sofrer do grande problema que é a desertificação humana.
Os espaços de baixa densidade são parte essencial da coesão territorial e social do país, são espaços de articulação nacional, lugares de acesso de uma fracção importante da população nacional à serviços universais e aos padrões do bem-estar colectivo e localizações relevantes de recursos naturais, culturais e patrimoniais. Os últimos vectores encontram-se na base para a afirmação do Programa das Aldeias Históricas de Portugal, uma enorme diversidade em termos culturais (tradições e actividades), paisagísticos e o património construído tornam possível que os vários agentes locais se interligassem para uma dinâmica local direccionada para a promoção e desenvolvimento. No caso das Aldeias Históricas é bem patente a importância que teve todo o envolvimento na recuperação de aglomerados que ao longo de séculos, perderam protagonismo tanto na sua vertente administrativa como em termos defensivos em que, perante novos modelos de desenvolvimento acabaram por perder importância económico-estratégica.
O Programa de Recuperação das Aldeias Históricas desenvolveu-se em 12 aldeias do interior raiano um conjunto de intervenções em Almeida, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha, Belmonte e Trancoso.
Essas intervenções revestiram inicialmente, como se justificava, um carácter essencialmente infraestrutural, isto é, de recuperação de fachadas e telhados das habitações, requalificação urbanística, melhoria das acessibilidades, recuperação e beneficiação de monumentos. Um investimento correspondente a 35 milhões de euros! O que falhou neste programa que projectava ser uma mais valia para as populações locais? Que papel os agentes locais privados e públicos devem tomar para inverter os dados estatísticos que estas aldeias são alvo?
Parece que em primeiro plano o interior, antes de tudo, precisa de se afirmar como identificação territorial, cultural e social e apostar convictamente na valorização do seu património endógeno. Porque, no passado, nesta matéria, fizeram-se pequenas e desacreditas acções de índole folclórica e sem investimento crítico e estruturante.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Trajes há mais de cem anos....

O guardense José Franco, etnógrafo no Boletim Altitude (1942) descreveu os trajos femininos das raparigas da aldeia da Coriscada.

Na reconstituição a rapariga aparece com o lenço da cabeça, o vulgar cachenez, em lã e de cores variadas, mas sempre escuras, é atado com um único nó, sob o queixo. O bajum muito cingido ao corpo, fecha a frente com colchetes, tem a manga justa, e pequenina gola com um virado de cambraia, ou de renda feita à mão. A saia é de vários panos, nunca menos de quatro, é franzida de cambraia ou de renda feita à mão. O bajum e a saia são em pano fino de cor azul ferrete ou preto.
Traçado sobre o peito, um lenço vermelho liso ou vermelho com ramagens. As meias feitas à mão, de algodão branco ou azul escuro, são lisas.
A camisa com mangas, tem o corpo de linho e a parte interior de estopa. É aberta à frente.
Sobre esta um colete de linho branco com ilhoses e atacador.
Saiote vermelho de estelete ou raxa. Sapatos de salto baixo, atacador, de cordovão.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Desenvolvimento das comunidades rurais....

O meio rural sofreu nos últimos anos profundas alterações. A diversificação da economia rural decorrente do facto de o meio rural já não ser apenas visto como um simples fornecedor de matérias-primas, mas como um espaço em que interagem múltiplas funções, conduziu a uma alteração substancial da forma de encarar o espaço rural e, consequentemente, o modo como as estratégias de desenvolvimento a implementar neste espaço deverão ser canalizadas. Neste sentido, hoje quando falamos em meio rural e das mutações que ele regista estamos, em grande medida, a falar tanto de urbanização ao nível das ocupações profissionais, dos modos de vida e de consumo, das formas de locomoção, etc....estamos a falar quer de espaços de lazer, quer de processos de produção de valores simbólicos.
No entanto, compreender o espaço rural como espaço multifuncional, implica uma lógica de identificação e valorização dos recursos existentes, do chamado potencial endógeno. Visualiza-se assim, que os recursos rurais referem-se a um vasto conjunto de elementos nos quais se inserem os produtos agrícolas, os recursos patrimoniais, paisagísticos, culturais e sociais.

Salienta-se que os espaços rurais já não são espaços "tranquilos", onde nada acontece excepto um lento declínio sócio-económico!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Parcerias locais: uma estratégia eficaz e viável para o desenvolvimento local?

Serão as parcerias locais ou de base territorial uma estratégia efectiva no combate à desertificação e exclusão social? Esta é uma pergunta que todos os agentes que trabalham na intervenção social já colocaram a si próprios. Hoje em dia as parcerias emanam como instrumento organizacional privilegiado pela quase totalidade, dos programas e projectos de intervenção nesta área. O forte ritmo que sem tem vindo a impor, levou a que nos últimos anos houvesse uma crescente obrigatoriedade da constituição de parcerias mais ou menos formalizadas em todas as vertentes de intervenção. Ouvimos todos os dias falar de parcerias e ainda não as definimos....ou seja...de que é que falamos quando falamos em parcerias?
Podemos definir Parceria Local ou de base territorial como....uma estrutura organizacional para a definição e implementação de uma serie de políticas, que mobiliza e congrega uma variedade de interesses e compromisso de um conjunto de parceiros em torno de objectivos comuns acompanhado de uma programa de acção para fazer face ....! esse entendimento da parceria pressupõe perspectivar o desenvolvimento local através de uma abordagem multi-sectorial, que implica uma forte capacidade de negociação e de concertação entre os diferentes actores/agentes locais envolvidos.
É fundamental tentar compreender porque resultam umas parcerias e outras não, já que me parece que hoje a questão que se coloca não é se "sim" à parceria, mas fundamentalmente "como" e "para quê" a parceria.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Jovem de seu nome Rosa...


Conta uma lenda antiga que habitava neste castelo um importante fidalgo de seu nome D.Ramiro Alvar. Apesar de intensa vida social, havia já feito 30 anos sem que descobrisse mulher que lhe aprouvesse para noiva.
Certo dia, num solitário passeio a cavalo, encontra uma formosa aldeã por quem sente forte paixão, pedindo-a em casamento. A jovem, de seu nome Rosa, aceita e a boda tem lugar pouco tempo depois, adquirindo a jovem bem depressa os modos e maneiras de nobreza.
Contudo, dois anos eram passados sobre o feliz enlace quando a guerra chama o jovem fidalgo que, em plena batalha, salva a vida de um companheiro de luta D. Gonçalo, a quem permite que se restabeleça em sua própria casa. D. Gonçalo, fidalgo aventureiro, é recebido no castelo de Longroiva a fim de recuperar dos ferimentos da guerra, mas rapidamente se enamora da esposa do seu amigo e salvador, paixão que se torna correspondida.
Após o seu restabelecimento faz acreditar à sua anfitriã que o seu esposo perecera em combate, notícia que deixa Rosa em profundo luto durante um ano, findo o qual aceita casar com D. Gonçalo que, entretanto, permanece no castelo. Durante o alegre casamento, D. Ramiro regressa ao castelo e de imediato se trava um duelo entre dos dois rivais, acabando D.Gonçalo por sucumbir ao braço forte de D. Ramiro. A jovem pede igualmente a morte mas o marido quer perdoar-lhe o ocorrido, facto que Rosa, sentido-se desonrada, recusa, passando desde então a viver sob uma rigorosa penitência na sua antiga cabana no bosque. Diz a tradição que ainda hoje, quando alguém por este bosque passeia, junto à cabana do remorso se ouve o choro da jovem aldeã.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Participação e cidadania nos processos de planeamento

" É contra essa visão que é preciso redefinir a ideia de desenvolvimento como uma associação, não só da democracia e do crescimento mas, mais profundamente ainda, de uma herança cultural e de projectos de futuro (...). Haverá maior denegação da liberdade democrática do que a condenação de uma maioria dos seres humanos a não poderem ser sujeitos da sua própria história?"
(Alain Touraine (1994), O Que É a Democracia?)
Parece inútil insistir na necessidade de envolver a "participação da população"....
É sobejamente conhecido o fracasso e mesmo o " efeito perverso" dos projectos que não conseguiram, ou não quiseram, a participação dos vários agentes sociais.....não se fala da participação folclórica da população nas actividades! Pretende-se sobretudo provocar uma tomada de consciência permanente do meio social sobre os seus próprios problemas e capacidade de solução. Esta tomada de consciência é uma condição necessária para que o projecto se possa apelidar de "desenvolvimento".

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Entre ruínas encantadas....

A visita a Aldeia Histórica de Marialva justifica bem uma viagem de um dia......
A este objectivo acrescenta-se o interesse de observar solares, casas típicas, igrejas e ermidas de encantar. Marialva é uma vila medieval antiquíssima, apresentando-se com três aglomerados populacionais: a cidadela entre muros (que ainda no principio do século XX era habitada), e que hoje se encontra em ruínas; a vila com traços quinhentistas e a Devesa, que se estende para a planície, onde corre a ribeira desta aldeia. Se equacionar uma visita nocturna, também se vai deslumbrar com esta aldeia, as muralhas do seu castelo destacam-se ao longe, de contornos irregulares, tomam a forma de um barco e que parece navegar para Sudoeste. No interior destas, encontra no largo principal as ruínas do Paço de Alcaide, da Casa de Câmara, Cadeia, Cisterna e Pelourinho...ainda no ponto mais elevado do interior das muralhas, podemos contemplar a Torre de Menagem, a Igreja Matriz de Santiago, e a Capela do Senhor dos Passos ou observar um campanário românico da Igreja dos Templários (Igreja de S. João) ...ou perder-se nas ruínas do Convento franciscano de N.ª Sr.ª dos Remédios de Vilares.
Uma linda aldeia integrada no Programa das Aldeias Históricas de Portugal...uma boa prática de desenvolvimento sustentável, mas depois de concretizada a primeira fase de recuperação...vão-se as crianças e ficam os velhos! Ficam uma serie de questões no ar...o que falhou neste Programa? Qual o papel a desempenhar pelas entidades locais para inverter tal situação? ....??

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Padre Costa que gerou 299 filhos....

No século XV por terras da Beira Alta, já se "estimava" haver no século XXI quebras na taxa de natalidade...!!!
Conta a história que um Padre que viveu em Trancoso no remonto séc XV, terá gerado 299 filhos em 53 mulheres. Da sua sementeira resultou a colheita de 214 raparigas e 85 rapazes, gerados em mais de meia centena de mulheres, muitas das quais suas familiares próximas, incluindo irmãs e a própria mãe. A lenda, refere ainda, que em 1487, com 62 anos foi condenado a ser "degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, a cabeças as mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou". Contudo, El`Rei D. João II perdoou a morte e mandou pôr em liberdade com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo!!
Uma lenda...hoje muito desejada por territórios de baixa densidade populacional do nosso Portugal!!

Turismo e Desenvolvimento Local...

O turismo é uma actividade eminentemente moderna. Podemos, no entanto, interrogarmo-nos sobre o crescente e quase infinito desejo por viajar, conhecer novas paisagens e culturas, procurar lazer, divertimento ou descontracção...!! A expansão do turismo é um fenómeno mundial generalizado. O mercado turístico cresce sempre, oferecendo novos produtos a velhos e novos consumidores. Porem, a actividade turística é um grande sector que não pode ser reduzido à sua dimensão unicamente económica. No plano estritamente económico o turismo é uma fonte de receitas entre as mais importantes e desejada por praticamente todos os países ou regiões.
Na actualidade, é mesmo considerado como uma das poucas soluções passiveis para sair de uma crise local ou regional, daí a multiplicação de projectos turísticos que emanam todos os dias!
Pergunta-se: Qual o contributo do turismo para o desenvolvimento local? Pode o turismo equilibrar o recuo da agricultura e do modelo industrial tradicional?

domingo, 5 de julho de 2009

Gonçalo Anes Bandarra


Poeta, Profeta e Sapateiro


Uma figura mítica do Concelho de Trancoso, nasceu no início do século XVI presumindo-se em 1500. Segundo os dados disponibilizados, terá nascido em berço rico, no entanto, perdida a fortuna em ignotas empreitadas, para fazer face à sua pobreza tomou o ofício de sapateiro de correia (fabricava e remendava calçado).
Devido às trovas que escreveu,acabou por ser perseguido pela Inquisição, pois, a população judaica alvoroçou-se com a vinda do Messias e, que à sua maneira interpretavam as coplas do profeta. Consequentemente Bandarra, acabou por ser preso em Trancoso e remetido para as casas do despacho da Santa Inquisição (Lisboa). No decorrer dos interrogatórios não se conseguiu comprovar a sua ascendência judaica. Do auto que lhe foi lido, foi proibido de responder ou escrever em nenhuma coisa da Sagrada Escritura, nem a ter nenhuns livros da mesma! Regressou a Trancoso, no entanto, não se sentindo segurança nesta terra, foi esconder-se entre montanhas no lugar de Nogueirão (próximo da Aldeia Velha), a cerca de nove quilómetros de Trancoso, alguns anos depois, Bandarra deixou o seu esconderijo e regressou a Trancoso,aonde viveu até à sua morte que data 1545. Dita a tradição, que morreu pobre e sustentado por duas filhas e, por uma companheira, da qual não reza a História. Muitas das suas profecias foram referenciadas e continuam a ser, Fernando Pessoa afirmou: "(...) O Bandarra, símbolo eterno do que povo pensa de Portugal (...) o Futuro de Portugal - que não calculo mas sei - está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra.


Sou sapateiro, mas nobre
Com bem pouco cabedal;
E tu, triste Portugal,
Quanto mais rico, mais pobre

Posteriormente, foi seguido por figuras de enorme relevo da cultura portuguesa, tais como: Fernando Pessoa, Padre António Vieira, Agostinho da Silva entre outros.
Resta-nos na Aldeia Histórica de Trancoso, o seu túmulo embutido numa das paredes da Igreja de S. Pedro. Muitas das sua profecias tiveram exequibilidade após a sua morte.


Em dois sítios me achareis
Por desgraça ou por ventura
Os ossos na sepultura
A alma, nestes papéis

Terras da Beira...


A ADLTB – Associação de Desenvolvimento Local Terras das Beira, é uma associação privada sem fins lucrativos. Criada recentemente, a associação nasceu da tomada de consciência de um grupo de amigas da região das debilidades e oportunidades do território (desertificação versus valores paisagísticos/ambientais e culturais) e de uma análise dos contextos que motivam a procura de novas práticas ligadas ao turismo cultural, patrimonial e de natureza. Segundo Paula Reis (Presidente da ADL Terras da Beira), esta emana da necessidade sentida, em criar uma estrutura dinâmica e inovadora, capaz de desenvolver e promover novas formas de actuação/intervenção no desenvolvimento local, com base nos recursos endógenos do mundo rural. Sendo que, a sua área de intervenção, insere-se administrativamente na Região Centro (NUT II) e na sub-região Beira Interior Norte – Beira Alta (NUT III), parte Noroeste do Distrito da Guarda, mais especificamente nos concelhos de Mêda, Trancoso e Pinhel – intervindo numa área de cerca de 1146 Km². Ao nível de parcerias, o seu principal parceiro é uma unidade de Turismo em Espaço Rural - Casa dos Moinhos de Aveia, com a qual trabalham directamente, articulando as suas actividades com a oferta de alojamento.
Terras da Beira é constituída, por uma direcção com formação superior na área da Sociologia, Gestão (especialização em Empreendedorismo e Inovação) e Turismo(especialização em Turismo e Desenvolvimento).

É objecto social da ADLTB promover o desenvolvimento local, através da promoção dos recursos endógenos na área da valorização do património cultural, preservação ambiental, promoção sócio-cultural e promoção de unidades de turismo em espaço rural (T.E.R.).

A importânica do Artesanato no Desenvolvimento Turístico das Regiões

As diferenças de desenvolvimento entre os diversos países constituem um problema relativamente recente, cuja origem está indissociavelmente associada à Revolução Industrial, no decorrer das várias mudanças sociais (económico, político, cultural – contexto geo-estrátegico).
No caso do território português essas desigualdades tornam-se bastante notórias aquando se assiste ao fenómeno da “litoralização” face ao despovoamento das Regiões do Interior, registando-se um agravamento das desigualdades entre os centros urbanos e os meios rurais.
Regista-se no território português uma desigualdade populacional, que resultou da forte concentração da aglomeração territorial, ou seja, forte concentração urbana que se traduz num esvaziamento rural e consequentemente das práticas rurais.
Perante este cenário as prioridades estratégicas relativas ao território devem incidir na preservação e valorização dos recursos existentes e por outro lado, no reforço da integração e da Identidade das Regiões.
No caso especifico da Região Centro, esta região possui uma grande variedade de recursos naturais, culturais, gastronómicos, artesanais, arquitectónicos e paisagísticos, que devem ser preservados não só pela sua riqueza e beleza, mas além disso devem ser valorizados do ponto de vista económico, ou seja na criação de rendimento, mais concretamente através de actividades turísticas. Para isso, torna-se necessário criar uma “Identidade” própria que represente à Região Centro.
A criação dessa identidade passa pela projecção/aproveitamento das potencialidades, ao nível do património, ao nível dos recursos naturais como ao nível da própria gastronomia e do artesanato. Um conjunto diversificado de produtos com qualidade que são representativos da Cultura, da memória e do saber-fazer das gentes da região Centro, que constituem uma marca bem diferenciada da sua Identidade.
Estes recursos patrimoniais e culturais associados ao território constituem um potencial para o desenvolvimento turístico desta região, para a dinamização base da economia local.
Pelo que importa afirmar essa identidade no exterior, que passa pela comercialização e marketing-mix desses produtos.
Essa Oferta Turística deve ser enriquecidora e diversificada à fim de cativar segmentos turísticos alargados. Um dos factores que pode contribuir para tal diversidade assenta na actividade artesanal, característica das sociedades pouco marcadas pelo desenvolvimento industrial.
A própria actividade turística, no seu carácter multidimensional, faz apelo a uma série de complementos que não se limitam ao alojamento e à sua paisagem envolvente. Aliás, só ofertas diversificadas podem enriquecer a atracção e satisfazer os desejos dos vários públicos, torna-se necessário aliar factores que tornam o fenómeno mais interessante (é toda uma panóplia de componentes – hospitalidade, as acessibilidades, os equipamentos, a cultura, a animação, a gastronomia, o artesanato, a paisagem entre outros que constituem os “pacotes” com qualidade de atracção).
No caso específico do artesanato acaba por ser um factor dinamizador das economias locais, sendo um complemento para o anfitrião, e para o visitante do ponto de vista simbólico ou estético.
O artesão produz, possui propriedade sobre o produto do seu trabalho e sobre o seu instrumento. Para além do ponto de vista económico, actividade artesanal, permite a expressão de sentimentos estéticos – nível artístico; os próprios artefactos são objectos de vida gerados por dedos dóceis ou por mãos habilidosas e calejadas por trabalhos doutros tempos. Num leque variado de actividades o artesanato satisfazia praticamente as necessidades da vida quotidiana – “indústria rural”.
No entanto o artesanato tem sobrevivido num país rural como o nosso, apesar da abundância de factores conducentes à sua morte, somos de facto um país de artesões à vários níveis.
Entretanto, é bom não esquecer que muitas das actividades artesanais são caracterizadas por grande fragilidade e vulnerabilidade, em que, enfrentam dificuldades na obtenção de créditos, isto porque as necessidades às quais correspondiam muitos ofícios artesanais, desapareceram. Apesar disso, ainda permanece um leque bem variado de riqueza artesanal, que pode ser um suporte importante a incorporar na oferta turística. Torna-se pertinente colocar a questã: Qual o papel dos agentes locais face ao artesanato?
Podemos, partir do início que toda a rentabilização da actividade artesanal, deve ser elaborada em, conjunto com os vários agentes locais, pois muitas das vezes é difícil ultrapassar toda uma série de necessidades. A solução Associativa, de grosso modo, ainda não foi implementada, porque muita gente ainda não entendeu que uma associação, é uma maneira de organizar estratégias no sentido de aproveitar e promover um conjunto de recursos existentes.
Não podemos esquecer que o artesanato enriquece a oferta turística, mediatiza o contacto de culturas, cria postos de trabalho, gera riqueza e alimenta a dinâmica da mudança social, colocando em saudável confronto o passado e o presente.
Os artefactos são um produto que se inscreve no turismo cultural (o turismo cultural não se remete apenas aos monumentos, ao património construído aos mitos e lendas), e de facto os produtos e as atracções culturais desempenham um papel turístico a vários níveis, desde a divulgação global da cultura, as acções que enfatizam as identidades locais. O artesanato pode ser visto como parte integrante do turismo cultural, tal como já acontece noutras regiões (Alentejo).
Posso concluir, parafraseando Sommier (1984), “ (…) que o artesanato é como a felicidade – só no momento em que desaparece é que damos conta do seu valor”.

sábado, 4 de julho de 2009

Moinhos de Aveia

Ao som da água....

Os Moinhos de Aveia são uma pequena localidade do concelho de Pinhel (distrito da Guarda), situada numa altitude de 800 metros. Esta pequena aldeia, encontra-se na actualidade com um número reduzido de pessoas, apenas 4 famílias aqui habitam. Na origem desta aldeia, tal como o próprio nome indica, remonta aos numerosos moinhos de água, que datam o século XVIII e XIX, que se foram construindo ao longo da ribeira do Massueime (funcionando dia e noite uma dezena de moinhos). Uma actividade que se desenvolvia por via da força motriz da água, transformando o grão de cereais produzidos nos terrenos agrícolas envolventes, em farinha que servia de base alimentar para as populações locais. Em 2006 foi recuperada uma antiga casa de um moleiro, tal como o seu moinho, transformada numa unidade de alojamento (T.E.R.). Uma unidade de Turismo em Espaço Rural, enquadrada em pleno ambiente rural, com uma visão plena para a flora local, e terrenos predominantemente graníticos calco-alcalinos.
A Casa dispõe de uma cozinha tradicional com lareira, uma sala grande, 1 quarto duplo, 1 quarto de casal, 2 WC e um sótão com 3 camas individuais. No seu exterior a Unidade de T.E.R. proporciona o contacto directo com actividades agrícolas, além da observação das espécies hortícolas, oferece a possibilidade de cultivo directo no terreno, usufruindo de uma experiência única naquilo que é o trabalhar da terra.
Como Chegar?

Ao nível de acessibilidades, encontra-se servida de uma rede ferroviária à 4 km e da rede rodoviária (A23 e A25), tomando a direcção de Pinhel, posteriormente em Freixedas virar a esquerda na direcção de Trancoso, 3Km vai encontrar a pequena aldeia Moinhos de Aveia.