sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Representações e visões acerca do turismo para o desenvolvimento rural

Por razões de ordem estrutura e, acima de tudo, por falta de empenho político, vastos territórios rurais de todo o interior do país foram sistematicamente deixados à margem, excluídos das agendas e das dinâmicas de desenvolvimento concretizadas ao longo da segunda metade do século passado, e convertidos em meros reservatórios de recursos materiais, recrutados/recrutáveis para sustentar os processos de crescimento económico de sede urbana e litoral.
Em consequência, o declínio instalou-se, criou raízes, autoalimenta-se e a grande maioria dos territórios rurais acha-se, actualmente, convertida em lugares de vida e de trabalho indesejáveis e inviáveis.
Nas várias e exaustivas causas, contornos e consequências, o percurso descendente destes territórios vem , um tanto paradoxalmente, coincidindo com um movimento ascensional de revalorização dos mesmo, por parte da sociedade urbana em geral e, mais em especial por parte de alguns dos seus sectores mais relevantes e afluentes.
Orientado, fundamentalmente, para recursos não materiais presentes nestes territórios - estética das paisagens, bens ambientais e de Natureza, segurança, tranquilidade, tradições e modos de vida, entre outros - este movimento, também ele já largamente analisado, está, no dizer de alguns observadores, a "pôr os meios rurais de moda", elevando-os à categoria de "espaços de desejo", um desejo que se vem corporizando numa crescente eleição dos mesmos como destinos de férias, de lazer e de turismo, como locais de residência secundária, e assim os transformando em "objecto novedoso de consumo"!
As tendências emergentes de revalorização do rural e do natural animam, por sua vez, a formação e o fortalecimento da convicção de que o turismo pode constituir um instrumento eficaz para se lograr a revitalização e a recomposição dos territórios em depressão, dois objectivos assumidos, hoje, como imperativos, face à urgente necessidade de repor equilíbrios de ordem física e social, vitais para o presente e, mais ainda, para o futuro da sociedade.

domingo, 5 de setembro de 2010

Da área ardida à reflorestação


A área ardida todos os anos vai aumentando, ficando sem utilização áreas cada vez maiores de solos com aptidão florestal. De facto, quanto à floresta privada, os incêndios já são aceites como uma calamidade quase natural. Os proprietários florestais, sem qualquer apoio, deixam cair os braços perante a desgraça e, por si só, não metem mãos à obra de reflorestar as áreas ardidas. Antes da reflorestação ainda se põe a questão das madeiras ardida, dos salvados. O que acontece é que, regra geral, a madeira ardida, que não perde praticamente valor comercial se for logo cortada, é mal vendida a madeireiros que se aproveitam da situação.

A reflorestação das áreas ardidas no país não está a ser feita a um ritmo razoável. De facto não passou de algumas centenas de hectares que são reflorestadas por ano, enquanto por ano ardem alguns milhares de hectares.

Esta situação é cada vez mais grave, e continua a viver-se nas águas mornas porquanto, mesmo em relação à florestação de solos que têm aptidão florestal, estamos muito atrasados.

A questão que aqui se põe consiste em saber se basta consumir por abate e incêndio a floresta que temos, ou se antes nos devemos preocupar com a gestão do futuro da floresta.

Consumir o presente ou preparar e fazer a gestão do futuro é a resposta que tem de ser rapidamente dada perante tão grave situação.