sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Arquitectura beirã

O clima figura entre os factores condicionantes da arquitectura beirã. Um certo rigor de análise permite filiar grande número de particularidades das edificações no propósito de defender as pessoas, os animais domésticos, os géneros, as alfaias e até os próprios edifícios, contra as inclemências e os estragos do tempo.

O condicionamento dos factores climatéricos revela-se por toda a Beira, como se disse, em diversas particularidades das edificações típicas.
Em revestimentos de paredes é frequente - e evidente - a preocupação de as proteger, bem como aos interiores que delimitam, contra os agentes climáticos de incomodidade e destruição.

Os parâmetros de telha de canudo, pregada ao alto sobre uma armação de madeira, são correntes e de elevada eficiência.

Nos telhados de telha vã, evita-se que o vento as desloque ou arranque, dispondo pedras sobre elas; e, nos de colmo, são diversos os pormenores reveladores de condicionamentos climáticos.
Certos elementos das construções fazem-se assim...porque o dinheiro não dá para mais, ou porque tem de se poupar para ocorrer a despesas essenciais. É o caso dos telhados de telha vã, sem qualquer protecção interior contra a entrada do vento e do frio pelas juntas das telhas e contra as perdas do calor das fogueiras em que se preparam as refeições. Atenuam-se, apenas, com práticas de acentuado primitivismo, justificadas, contudo, por esse baixo nível económico e pelo hábito tradicional do desconforto. Uma delas é não fazer chaminés para que o calor ( e o fumo também, infelizmente) se conserve mais tempo nas habitações; outra é reduzir ao mínimo a superfície das alcovas e não lhes abrir janelas para o exterior.

O granito é de todos esses materiais aquele em que a Natureza foi mais pródiga e generosa para os construtores da região. Pródiga pela abundância com que o fez aflorar em terras da Beira e generosa pelas qualidades excepcionais com que o dotou.
Fica o exemplo de uma casa tradicional de pequenos agricultores por terras da beira, que urge preservar estes testemunhos, até para comparar a evolução positiva.

domingo, 6 de setembro de 2009

Turismo e desenvolvimento regional


Hoje em dia, entende-se o turismo como uma actividade sociocultural, ambiental, política e económica, que garante o desenvolvimento e a sustentabilidade das populações, com impactos quer positivos quer negativos nas mesmas. Mas, a relação entre "turismo e desenvolvimento" é bastante conturbada se reflectirmos, principalmente, no conceito de sustentabilidade.
A actividade turística, no meio rural, tem sido apontada como "tábua de salvação" económica e mesmo social deste território. O turismo é visto como uma actividade prioritária para salvar o mundo rural e o mesmo acontece com a animação turística.

Mas, o território rural está deserto, sem gente, com campos agrícolas abandonados, parece-me, por isso, necessária uma maior reflexão sobre o papel do turismo no desenvolvimento rural. Adoptar uma visão integrada e multidireccional e sobretudo é necessário que se faça planificação e que ela seja participativa.

Para alcançar o desenvolvimento sustentável das populações rurais, é necessário compreender o turismo rural. Ora, a adequada compreensão do turismo rural em toda a sua extensão, obriga analisar previamente as características dos espaços que acolhem esta actividade pois, da especificidade de cada espaço rural, é que surgirão as potencialidades e atributos do desenvolvimento turístico assim como , os factores críticos e impactos positivos e negativos desse desenvolvimento.

Apesar da multiplicidade dos territórios rurais, cada território rural é único, cada qual tem a sua estrutura nos núcleos de povoamento, formas de cultivo das terras, recursos naturais e culturais próprios. Na verdade, as condicionantes geográficas, económicas e sociais que ocorreram ao longo dos tempos, originaram sociedades rurais com identidade própria, depositárias de valores e manifestações tradicionais e culturais singulares que é necessário respeitar para lhe garantir sustentabilidade.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Que o impossível se torne provável!


É assim que muitos dos estudiosos encaram a animação turística como animaçao sociocultural. A relação entre turismo e animação turística tem um cunho marcadamente mercantilista, como seja, a necessidade do mercado turístico em ocupar o tempo de estadia do turista, distender a duração da estadia e fidelizar o turista.

Além disso a animação turística, seja, ao nível dos hotéis, casas de TER, por empresas específicas ou pelas comunidades receptoras de turistas, tem outra dimensão que é a possibilidade de criar um espaço de enriquecimento intercultural, entre locais e visitantes.

Isto implica que os principais agentes encarem a animação não só como um simples negócio turístico, mas também como uma oportunidade de intercâmbio que contribui para o entendimento mútuo entre pessoas vindas de diferentes universos sociais e culturais.

Perante ao exposto, entendemos que a animação turística deve ser entendida como um dos âmbitos de animação sociocultural, tendo como filosofia, fundamento da acção, a comunidade residente receptora que,no acto da relação e da partilha, se apresenta em toda a plenitude do seu ser, evidenciando e partilhando com o outro o seu saber e saber fazer, sabendo estar, aprendendo juntos.