sábado, 28 de novembro de 2009

Turismo vs revitalização dos espaços rurais

A revalorização actual dos espaços rurais, nas perspectivas ambiental e cultural, insere-se numa nova concepção daqueles espaços enquanto patrimónios multifuncionais e intergeracionais, que articulam as funções produtivas com funções culturais, ambientais, recreativas, pedagógicas e simbólicas. Este processo de patrimonialização do mundo rural relaciona-se não só com a relevância das temáticas da protecção da natureza e da paisagem, mas também com as actuais dinâmicas de valorização dos patrimónios históricos e culturais, enquanto eixos privilegiados para a valorização das memórias e identidades locais. Por conseguinte, é no interior deste quadro conceptual que se poderá compreender a patrimonialização do saber-fazer e das identidades locais e a sua introdução nas estratégias de desenvolvimento local e regional. A própria noção de património rural inclui uma nova valorização das suas componentes sociais e culturais, onde se articulam cultura e preservação do ambiente e da paisagem com pedagogia e formação das gerações mais jovens. Uma estratégia que em termos estratégicos, e de acordo com uma perspectiva de desenvolvimento integrado, estas novas dinâmicas de territorialização do lazer podem desencadear processos sustentáveis de revitalização local. Sem esquecer que esta visão articulada deverá cruzar e integrar, nas estratégias de desenvolvimento, as necessidades e expectativas das populações locais, além de contribuir para a atracção de visitantes, mas também por consequente melhoria do rendimento das populações e para a sua fixação no local, nomeadamente as camadas jovens.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Gestão regional.....!

Na perspectiva de quem vive no interior, cá faz a sua vida e contacta diariamente com a realidade política, económica, social e cultural desta região consegue com facilidade delinear os labirintos existentes. Parece-me que a melhor via para questionar o desenvolvimento do país, nomeadamente na sua face regional, consiste em utilizar a óptica da gestão. O tipo de gestão que se tem praticado no país, surge de um quadro de objectivos globais e de um conjunto de instrumentos políticos e económicos que têm sido (ou não) clarificados e utilizados!! Tem sido, sobretudo a ausência de um modelo e consequentes vectores de planeamento e de coerência política, económica e financeira que tem perturbado e ampliado as já por si deficientes qualidades de gestão da classe dirigente do país.
Acontece que estamos em região carenciada sob aspectos económicos, sociais e culturais, atravessando-se um período em que as suas actividades económicas tradicionais carecem de ser repensadas, não só porque têm atravessado crises agudíssimas, mas também porque há pouca diversificação económica com desaproveitamento de potencialidades. Há desemprego, vocações económicas por desenvolver - agricultura, pecuária, turismo...etc!!
Pode afirmar-se, que na região da Beira Interior se vivem agudamente situações que exigem a intervenção do poder central e europeu. Ou vamos esperar que os números da desertificação continuem aumentar e apanhem o TGV em Lisboa ou no Porto?!!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Que desenvolvimento regional?

A atenuação dos desiquilibrios regionais entre o litoral e o interior exige a definição de uma política de desenvolvimento regional coerente, que permita um desenvolvimento harmonioso do interior no contexto global do País.
Quem conhece o país, apercebe-se do nítido contraste entre o desenvolvimento das suas regiões: umas bastante despovoadas, estagnadas e adormecidas - as do interior - outras mais povoadas, por vezes saturadas de actividades, que se foram aglomerando e concentrando à volta de uns poucos centros urbanos. De região para região, do interior para o litoral se deslocam recursos humanos e materiais - umas regiões de desenvolvem à custa da depauperação de outras. Assim algumas regiões empobrecidas já começam a chegar a uma situação de não retorno, isto é, a um ponto tal, que por não terem uma proporção suficiente de habitantes jovens, por não terem centros industriais ou de reconversão das técnicas agrícolas tradicionais e por não se alterar a estrutura da propriedade - essas regiões acabarão progressivamente incultas, despovoadas e abandonadas uma vez que a taxa de repulsão é muito superior ao saldo de natalidade e taxa de mortalidade.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Turismo e Desenvolvimento Local

(...) não é o turismo que permite o desenvolvimento, mas o desenvolvimento (....) que torna o turismo rentável".

Foi assim que Ascher (1984) traçou a relação entre turismo e desenvolvimento local. Sendo que para compreender o turismo no contexto da sociedade global, é preciso examiná-lo não apenas como fenómeno social mas, sobretudo, como um "produto".
Contudo, o fenómeno turístico, aliás como em todos os aspectos da sociedade do século XXI, está em profunda mudança. E as grandes mudanças do turismo de hoje, implicam, reforçam, pelo lado da oferta, o aparecimento de novos modelo(s) turístico(s) alternativo(s), culminando naquilo que autores (Trzyrna, 1995) classificam de lógica da sustentabilidade.
Definido como processo de mudança social e de elevação das oportunidades presentes da sociedade, sem comprometer a capacidade das gerações futuras verem atendidas as suas próprias necessidades, o desenvolvimento sustentável requer a compatibilização , no tempo e no espaço, entre crescimento, eficiência económica, conservação ambiental, qualidade de vida e equidade social.
Um desafio que as populações locais enfrentam, dispondo actualmente de um conjunto de instrumentos onde a tradição materializada pelas especificidades locais e a inovação, produto do partenariado local com os poderes públicos e a comunidade científica, se torna hoje possível, pela profunda alteração do perfil dos visitantes em curso.