domingo, 5 de julho de 2009

A importânica do Artesanato no Desenvolvimento Turístico das Regiões

As diferenças de desenvolvimento entre os diversos países constituem um problema relativamente recente, cuja origem está indissociavelmente associada à Revolução Industrial, no decorrer das várias mudanças sociais (económico, político, cultural – contexto geo-estrátegico).
No caso do território português essas desigualdades tornam-se bastante notórias aquando se assiste ao fenómeno da “litoralização” face ao despovoamento das Regiões do Interior, registando-se um agravamento das desigualdades entre os centros urbanos e os meios rurais.
Regista-se no território português uma desigualdade populacional, que resultou da forte concentração da aglomeração territorial, ou seja, forte concentração urbana que se traduz num esvaziamento rural e consequentemente das práticas rurais.
Perante este cenário as prioridades estratégicas relativas ao território devem incidir na preservação e valorização dos recursos existentes e por outro lado, no reforço da integração e da Identidade das Regiões.
No caso especifico da Região Centro, esta região possui uma grande variedade de recursos naturais, culturais, gastronómicos, artesanais, arquitectónicos e paisagísticos, que devem ser preservados não só pela sua riqueza e beleza, mas além disso devem ser valorizados do ponto de vista económico, ou seja na criação de rendimento, mais concretamente através de actividades turísticas. Para isso, torna-se necessário criar uma “Identidade” própria que represente à Região Centro.
A criação dessa identidade passa pela projecção/aproveitamento das potencialidades, ao nível do património, ao nível dos recursos naturais como ao nível da própria gastronomia e do artesanato. Um conjunto diversificado de produtos com qualidade que são representativos da Cultura, da memória e do saber-fazer das gentes da região Centro, que constituem uma marca bem diferenciada da sua Identidade.
Estes recursos patrimoniais e culturais associados ao território constituem um potencial para o desenvolvimento turístico desta região, para a dinamização base da economia local.
Pelo que importa afirmar essa identidade no exterior, que passa pela comercialização e marketing-mix desses produtos.
Essa Oferta Turística deve ser enriquecidora e diversificada à fim de cativar segmentos turísticos alargados. Um dos factores que pode contribuir para tal diversidade assenta na actividade artesanal, característica das sociedades pouco marcadas pelo desenvolvimento industrial.
A própria actividade turística, no seu carácter multidimensional, faz apelo a uma série de complementos que não se limitam ao alojamento e à sua paisagem envolvente. Aliás, só ofertas diversificadas podem enriquecer a atracção e satisfazer os desejos dos vários públicos, torna-se necessário aliar factores que tornam o fenómeno mais interessante (é toda uma panóplia de componentes – hospitalidade, as acessibilidades, os equipamentos, a cultura, a animação, a gastronomia, o artesanato, a paisagem entre outros que constituem os “pacotes” com qualidade de atracção).
No caso específico do artesanato acaba por ser um factor dinamizador das economias locais, sendo um complemento para o anfitrião, e para o visitante do ponto de vista simbólico ou estético.
O artesão produz, possui propriedade sobre o produto do seu trabalho e sobre o seu instrumento. Para além do ponto de vista económico, actividade artesanal, permite a expressão de sentimentos estéticos – nível artístico; os próprios artefactos são objectos de vida gerados por dedos dóceis ou por mãos habilidosas e calejadas por trabalhos doutros tempos. Num leque variado de actividades o artesanato satisfazia praticamente as necessidades da vida quotidiana – “indústria rural”.
No entanto o artesanato tem sobrevivido num país rural como o nosso, apesar da abundância de factores conducentes à sua morte, somos de facto um país de artesões à vários níveis.
Entretanto, é bom não esquecer que muitas das actividades artesanais são caracterizadas por grande fragilidade e vulnerabilidade, em que, enfrentam dificuldades na obtenção de créditos, isto porque as necessidades às quais correspondiam muitos ofícios artesanais, desapareceram. Apesar disso, ainda permanece um leque bem variado de riqueza artesanal, que pode ser um suporte importante a incorporar na oferta turística. Torna-se pertinente colocar a questã: Qual o papel dos agentes locais face ao artesanato?
Podemos, partir do início que toda a rentabilização da actividade artesanal, deve ser elaborada em, conjunto com os vários agentes locais, pois muitas das vezes é difícil ultrapassar toda uma série de necessidades. A solução Associativa, de grosso modo, ainda não foi implementada, porque muita gente ainda não entendeu que uma associação, é uma maneira de organizar estratégias no sentido de aproveitar e promover um conjunto de recursos existentes.
Não podemos esquecer que o artesanato enriquece a oferta turística, mediatiza o contacto de culturas, cria postos de trabalho, gera riqueza e alimenta a dinâmica da mudança social, colocando em saudável confronto o passado e o presente.
Os artefactos são um produto que se inscreve no turismo cultural (o turismo cultural não se remete apenas aos monumentos, ao património construído aos mitos e lendas), e de facto os produtos e as atracções culturais desempenham um papel turístico a vários níveis, desde a divulgação global da cultura, as acções que enfatizam as identidades locais. O artesanato pode ser visto como parte integrante do turismo cultural, tal como já acontece noutras regiões (Alentejo).
Posso concluir, parafraseando Sommier (1984), “ (…) que o artesanato é como a felicidade – só no momento em que desaparece é que damos conta do seu valor”.

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