sexta-feira, 22 de outubro de 2010

As parábolas dos autarcas

O grande crescimento dos fluxos turísticos, verificado nos últimos trinta anos, veio permitir o desenvolvimento de regiões (veja-se o caso do Algarve) e mesmo de países com consequente renovar de interesse como instrumento de desenvolvimento económico.
Contudo, embora a procura de serviços de turismo seja crescente ela tem sofrido modificações qualitativas cuja ignorância tem levado a que muitos investimentos públicos e privados no sector tenham não só sido um falhanço sobre o ponto de vista financeiro como também inviabilizado a utilização de recursos naturais não renováveis (paisagísticos, flora, etc.) cuja exploração deve ser optimizada numa perspectiva de longo prazo.
Em particular, há hoje em dia, por parte de muitos autarcas do interior do país, uma esperança exagerada na possível contribuição do turismo para promover o desenvolvimento dos seus concelhos. Tal poderá levá-los a dedicar recursos financeiros a infra-estruturas e acções promocionais que as potencialidades turísticas do seu concelho não justificam.
Sem correr o risco de exageros poderá mesmo dizer-se que no momento a região da Beira Interior é talvez a única, no interior do país, cujas aptidões turísticas justificam expectativas relativamente ao seu desenvolvimento a médio prazo.
Mas, para isso torna-se necessário trabalhar com as ferramentas necessárias para tornar essas potencialidades uma realidade.
Fica um desabafo, fiquei triste e desiludida quando li, num dia destes num site municipal de um certo concelho se encontra a seguinte noticia: ""aldeia histórica" é um destino de referência"! E pensei no momento ou ando muito distraída ou aquela gente do poder local anda a querer enganar quem? Se me disserem que é um ponto de passagem de referência! Isso sim é discurso real, que infelizmente, nem a oportunidade de ser um ponto de passagem está a ser utilizada para inverter e enveredar por um caminho certo para o desenvolvimento local.

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