quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A ausência de planeamento regional no Interior

O desenvolvimento do interior tem sido comprometido pela corrente de transferências de recursos em direcção ao litoral. O acentuar de tal corrente é, também, o resultado de uma política económica, decidida e programada a nível central, sem ter em conta as diferentes características, potencialidades e interesses das regiões. A transformação de tal quadro exige a definição clara dos objectivos de política de desenvolvimento regional e órgãos de gestão e planeamento genuinamente regionais.
O ordenamento regional não é apenas a implementação num dado espaço geográfico duma dada política económica, mas é também uma tomada de consciência por parte dos homens que vivem nesse espaço, do facto de que são eles os depositários e os herdeiros dum património que convém utilizar segundo as necessidades do presente mas de modo a prepará-lo e a organizá-lo com vista às necessidades do futuro.
A Beira Interior apresenta em termos médios uma situação de atraso, há a salientar a existência de zonas empobrecidas que tendem para a morte económica e social, começando a chegar a uma situação de "não retorno" em que, por não terem uma proporção suficientes de habitantes jovens, por não terem actividades industriais nem iniciativas de reconversão de técnicas e culturas agrícolas tradicionais, por não se alterar a estrutura da propriedade, por não existirem condições sociais e culturais atractivas, tais zonas ficarão, progressivamente, incultas, abandonadas e despovoadas, uma vez que se tem vindo a acentuar a repulsão líquida, entendida como a diferença entre a efectiva variação da população presente e os valores dos saldos fisiológicos.

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