segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A recreação turística...

O turismo é hoje considerado um direito, quase uma necessidade básica, vital, entre as populações do mundo ocidental desenvolvido. Estas dispõem para tal de níveis de rendimentos elevados, férias anuais e feriados pagos, facilidades de deslocação e de circulação, segurança social, sobretudo decisiva na doença e na velhice, acesso a informação e a ofertas turísticas múltiplas e diversas. Por outro lado, tais populações são portadoras de valores culturais de liberdade individual, de democratização, de "direito à preguiça", ao repouso e ao prazer, de encontro com o Outro e reencontro consigo próprias, de realização pessoal, de descanso, recreio, evasão, animação e até mesmo de sonho e ilusão, de aventura, de busca do tido como autêntico, insólito, inédito, único...e, também, direito de vazio, de isolamento e solidão, mesmo se no meio de multidões desconhecidas e anónimas.
O turismo exprime, com efeito, uma nova relação com o tempo, com o espaço, com os lugares e com o corpo, novas estruturas e relações sociais, essencialmente efémeras, novas liberdades, incluindo a de escolha dos lugares de vida, mesmo se temporários. Assim se criam novas oportunidades regionais e locais e se alimentam novas dinâmicas de desenvolvimento. O turismo não é uma simples reacção às condições de vida das cidades, tidas por repulsivas por alguns - "engarrafamentos", barulhos, poluição, ambientes construídos - nem uma fuga e evasão compensatórias de modos de vida sentidos como alienantes, com ritmos quotidianos repetitivos e esgotantes.

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