domingo, 27 de fevereiro de 2011

Desenvolvimento e Crescimento

Apesar do conceito de desenvolvimento diferir do de crescimento, as relações entre eles são tão fortes e estreitas que a tarefa de os distinguir acaba, por se tornar, difícil.
Da associação destes dois conceitos, resultou uma consequência, que se traduziu na utilização sistemática de indicadores de crescimento económico para aferir e qualificar o nível de desenvolvimento dos países. Indicadores que por sua vez, ficam muitas das vezes aquém daquilo que é desejável medir, por si próprio o crescimento que do meu ponto de visto é uma medida equívoca de desenvolvimento, indo de encontro com muitos dos estudiosos ao acrescentar que o crescimento é amoral. Pense-se, por exemplo, que tanto, a produção de armas como a de bens de alimentação ou vestuário contam identicamente no cálculo daquele indicador. Tão pouco é possível distinguir entre a produção de bens que se destinam à satisfação imediata das necessidades dos consumidores e a daqueles outros que entram de novo no circuito produtivo e vão servir, a médio ou longo prazo, de multiplicador de riqueza. Mesmo entre os bens de consumo, nenhuma distinção é feita entre os bens que vêm ao encontro de necessidades fundamentais e os que se dirigem antes à satisfação de necessidades consideradas supérfluas ou sumptuárias.
O crescimento, onde ocorreu, foram poucas as vezes que conseguiu resolver os reais problemas sociais urgentes e passou demasiadas vezes ao lado da grande massa da população nos países desenvolvidos. Provocando um acentuar das disparidades económicas, não contribuindo para combater problemas como o desemprego, má nutrição, doença e más condições de trabalho. Afirmando que o crescimento económico tem servido, na maior parte, para agravar problemas e tensões sociais.
Assim, na junção de conceitos, muitas vezes encarados como sinónimos, provieram consequências. Num primeiro ponto, ao considerar o crescimento económico como uma condição suficiente do desenvolvimento, de que dependiam as melhorias de bem-estar da população, a todos os níveis e, num segundo momento, a utilização sistemática de indicadores de crescimento económico, essencialmente o rendimento per capita, para classificação dos países ao nível de desenvolvimento.
Contudo, embora estes dois conceitos partilhem do mesmo objectivo principal – a promoção do bem-estar das populações através da criação de riqueza, são contudo, díspares no que se reporta à forma e aos meios utilizados para o alcançar.
Termino indicando uma das diferenças entre os dois conceitos, pois, partilho da opinião de vários estudiosos que o crescimento é meramente instrumental e só o desenvolvimento é fim.

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